DeepSeek: Inteligência Artificial, Inovação e Censura

Testamos o DeepSeek e… temos “mixed feelings” com isto!

Por isso, vamos lá tentar entender porque está a deixar tanta gente irritada.

A inteligência artificial (IA) tem evoluído a um ritmo impressionante, com empresas de todo o mundo a desenvolverem modelos cada vez mais avançados. Uma das mais recentes e promissoras é a DeepSeek, uma startup chinesa que tem estado nas bocas do mundo e chamado a atenção pelo seu desempenho competitivo. No entanto, apesar do seu sucesso, esta IA gerou controvérsia devido à sua abordagem restritiva em relação a certos temas.

A DeepSeek foi fundada em 2023 por Liang Wenfeng, cofundador da High-Flyer Quant, um dos maiores fundos de investimento da China. O seu principal produto, o modelo DeepSeek-R1, rapidamente se destacou no mercado por apresentar um desempenho ao nível das soluções da OpenAI e da Google, mas a um custo inferior. Este fator teve impacto na indústria tecnológica, resultando numa quebra significativa no valor de mercado de empresas concorrentes nos Estados Unidos.

A popularidade da DeepSeek não se limitou à China, pois a aplicação da IA chegou a ser a mais descarregada na App Store nos EUA, ultrapassando o próprio ChatGPT. Este sucesso nos EUA levou, inclusive, a que o governo norte-americano proibisse a sua utilização em todas as organizações governamentais e seus colaboradores e a uma proposta de lei que visa criminalizar a sua utilização, prevendo 20 anos de cadeia para os prevaricadores. A Itália foi ainda mais longe e bloqueou completamente a aplicação no país.Como vemos, o seu rápido crescimento não esteve isento de dificuldades. Além de ter sido alvo de ataques informáticos que limitaram o registo de novos utilizadores, estar a ser amplamente censurada e bloqueada nos EUA, a IA tornou-se alvo de críticas devido à sua própria e aparente censura a determinados temas.

O objetivo da DeepSeek passa por criar soluções de IA avançadas que possam competir a nível global, e ao mesmo tempo cumprir com as regulamentações chinesas. Ao contrário de outras inteligências artificiais ocidentais, a DeepSeek foi desenvolvida para operar dentro dos limites impostos pelo governo chinês, o que influencia diretamente os temas sobre os quais pode fornecer respostas.

Além da componente tecnológica, a DeepSeek aposta na acessibilidade e no custo reduzido para se tornar uma alternativa viável às soluções ocidentais. No entanto, a sua abordagem levanta questões sobre a influência governamental na IA e os limites à liberdade de expressão impostos pela tecnologia.

Um dos aspetos mais polémicos da DeepSeek é a forma como lida com questões consideradas sensíveis pelo governo chinês. Quando lhe colocamos perguntas sobre o Massacre da Praça Tiananmen, a IA inicia uma resposta, mas interrompe-a imediatamente, substituindo-a por uma mensagem a sugerir que o utilizador mude de assunto. Este comportamento repete-se em temas como:

  • Tibete: A IA evita discutir a repressão cultural na região ou a questão da sua autonomia.
  • Taiwan: Qualquer menção à independência de Taiwan é bloqueada, uma vez que a China considera a ilha uma parte do seu território.
  • Hong Kong: Movimentos pró-democracia e a erosão das liberdades na região são temas que a IA ignora.
  • Xi Jinping: O nome do líder chinês é muitas vezes omitido, ou as respostas são redirecionadas para conteúdos neutros.
 

Este padrão de censura não é surpreendente, dado que a China impõe um controlo rigoroso sobre a informação online através da chamada “Grande Firewall”. A DeepSeek segue essas diretrizes, garantindo que não viola as regras estabelecidas pelo governo.

A postura da DeepSeek em relação à censura não resulta apenas de uma escolha da empresa, mas sim de uma necessidade para operar no mercado chinês. O governo impõe regulamentos rigorosos às empresas tecnológicas, exigindo que filtrem conteúdos que possam ser considerados uma ameaça à “estabilidade social” ou à “unidade nacional“.

Posto isto, podemos argumentar que a decisão de não discutir estes temas está enraizada numa combinação de fatores.

Em primeiro lugar, o DeepSeek foi desenvolvido num ambiente onde certos assuntos são considerados sensíveis ou controversos. Para evitar conflitos ou desinformação, o modelo foi programado para evitar respostas que possam ser interpretadas como polémicas ou divisivas. Isso não significa que o DeepSeek nega a existência desses eventos ou questões, mas sim que ele não foi projetado para oferecer análises ou opiniões sobre eles.

Em segundo lugar, a IA é uma ferramenta criada por humanos e, como tal, reflete as normas e regulamentações do ambiente em que foi desenvolvida. Em muitos casos, isso inclui a conformidade com leis e diretrizes governamentais que restringem a discussão de certos tópicos. Para os desenvolvedores do DeepSeek, a prioridade é garantir que a IA seja útil e segura para o maior número possível de utilizadores, o que pode exigir a exclusão de conteúdos considerados sensíveis.

Uma vez que a legislação chinesa proíbe a disseminação de informações que possam “incitar à subversão do poder do Estado” ou “comprometer a segurança nacional”, tópicos como repressão política, protestos e críticas ao regime são automaticamente filtrados.

Não podemos deixar de mencionar que, apesar de a DeepSeek ser um caso evidente de censura, outras empresas também adotam restrições em certos temas, ainda que por razões diferentes. A OpenAI, por exemplo, impõe filtros em algumas questões por motivos éticos ou de segurança, embora o seu grau de restrição seja muito inferior ao da DeepSeek. Ferramentas de geração de vídeo e imagem através de IA também têm várias restrições em termos de a utilizar nas suas prompts. 

A DeepSeek é um exemplo do rápido avanço da Inteligência Artificial e do seu potencial para desafiar gigantes tecnológicos. No entanto, a sua ascensão também demonstra os desafios que a IA enfrenta em países onde a liberdade de informação é limitada.

Embora a DeepSeek seja uma ferramenta poderosa, a sua adesão às diretrizes de censura chinesa levanta preocupações sobre o futuro da IA em ambientes controlados por governos autoritários. Para os utilizadores fora da China, esta postura pode tornar a DeepSeek uma opção menos fiável para quem procura informações imparciais e abrangentes.

A questão que se coloca é: até que ponto a censura na inteligência artificial pode condicionar o acesso à informação e limitar a liberdade de expressão? Com a crescente influência da IA na sociedade, este será um debate cada vez mais relevante nos próximos anos.

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